A dificuldade em definir o preço no campo da assistência fisioterapêutica é clara e inclusive orientada pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. O COFFITO preconiza que o valor cobrado pelos procedimentos fisioterapêuticos não esteja abaixo do que é determinado pelo Referencial Nacional de Honorários Fisioterapêuticos. Mas, é complexo para a maioria dos profissionais. Este artigo contempla algumas das consequências decorrentes da cobrança sem um planejamento adequado.
Imagine um profissional recém-formado, que não possui absolutamente nenhum paciente ou nenhuma perspectiva de ingressar no mercado de trabalho regular, ou seja, um trabalho digno.
Esse é um retrato de uma considerável parcela dos Fisioterapeutas e são eles que, na maioria das vezes, sofrem com a exploração do mercado de trabalho, mesmo atuando como autônomos.
Muitos desses jovens profissionais acabam nas mãos de clínicas e empresas de atendimento domiciliar que, devido a remuneração das operadoras de saúde, não conseguem fazer um repasse adequado para o resto da cadeia de trabalho. Essa é uma realidade, apesar do movimento de Associações e Federação para melhorar.
O problema é que o ciclo se tornou vicioso. Existem diversos fisioterapeutas presos a esse tipo de relação de trabalho e que durante o início da sua carreira não conseguiram criar um planejamento e desenvolvimento profissional.
A conta da remuneração baixa não fecha com poucos pacientes, é preciso atender um volume imenso. Esse tipo de prestação de serviço consome a maior parte do tempo e, obviamente, o esgota suas energias de trabalho.
Quando se atende muitos pacientes, mesmo com a remuneração baixa, existirá uma receita mensal, esta irá produzir consumo. O consumo precisa ser pago. Logo, quando se atinge um padrão de consumo individual ou familiar é muito mais difícil reduzir o ritmo de trabalho ou mudar a estratégia profissional. Você ficará dependente daquele tipo de trabalho porque precisa, constantemente, pagar o seu custo. Veja um exemplo claro dessa situação:
Digamos que o profissional tenha uma renda mensal de R$ 3.000,00 dentro da perspectiva descrita acima. No início, isso pode ser tentador, porém, a longo prazo não haverá escalabilidade para se ganhar mais, pois o seu tempo de produção está comprometido com o grande volume de pacientes que você precisa atender e o valor continuará nesta base. No decorrer da sua vida os seus custos tendem a aumentar (financiamento de carro, casa, aumento dos custos com saúde, previdência, etc), ou seja, você terá seus custos subindo e sua perspectiva de produção ficará estagnada, pois o seu dia continuará com 24 horas.
Em boa parte dos casos, os jovens profissionais, que na maioria dos casos não possuem um custo elevado, podem ver vantagem nesse tipo de relação, mas é preciso cuidado, balancear o orçamento e desenvolver o projeto de carreira é fundamental para garantir o conforto futuro.
A tomada de decisão, em todas as fases da vida profissional, precisa vir acompanhada do seu objetivo de vida.
Raphael Ferris, fisioterapeuta e CEO Negócio Fisioterapia